Teoria do Apego
- Christiane Romano

- 13 de set. de 2023
- 3 min de leitura
Bowlby foi o primeiro a estudar o apego, começou com a observação de animais e mais tarde fez experimentos com crianças na clínica de psicanálise em Londres. Ele via o apego das crianças a um cuidador como um mecanismo que evoluiu para protegê-los de predadores. Ainda, convenceu-se da importância da ligação entre a mãe e o bebê, e advertiu que não se deve separá-los sem que haja a devida substituição dos cuidados maternos (Papalia, 2013 p: 69, 220).
Mary Ainsworth, uma aluna de Bowlby interessou-se pelos estudos sobre apego e, a partir de uma técnica criada por ela (Situação Estranha) para avaliar padrões de apego entre bebê e adulto, chegou, juntamente com seus colegas a três padrões principais de apego: apego seguro; apego ansioso ou inseguro; evitativo e ambivalente ou resistente (Vondra e Barnett, 1999 in Papalia, 2013). Da pesquisa concluiu-se que:
...bebês com apego seguro podem chorar ou protestar quando o cuidador se ausenta, mas são capazes de obter o conforto de que precisam, com eficácia e rapidamente, demonstrando flexibilidade e resiliência, quando diante de situações estressantes. Costumam ser cooperativos e raramente sentem raiva. Bebês com apego evitativo não são afetados por um cuidador que se ausenta ou retorna. Eles demonstram pouca emoção, seja positiva ou negativa. Bebês com apego ambivalente (resistente) ficam ansiosos antes mesmo de o cuidador se ausentar e ficam cada vez mais perturbados quando ele ou ela sai. Na volta do cuidador, bebês ambivalentes demonstram sua aflição e raiva buscando contato com ele, ao mesmo tempo em que dão chutes e se contorcem. Bebês ambivalentes podem ser difíceis de agradar, já que sua raiva frequentemente supera sua capacidade de obter consolo do cuidador. Observe que não é necessariamente o comportamento do cuidador quando se ausenta que determina a categoria de apego atribuída às crianças, mas o comportamento do cuidador quando ele volta. (Papalia, 2013: 220-221)
Mais tarde, Main e Solomon identificaram um quarto padrão, o apego desorganizado-desorientado, que, segundo Papalia (2013) é o menos seguro, umas vez que bebês que apresentam este padrão, parecem não ter uma estratégia coesa para lidar com o estresse da Situação Estranha.
...apresentam comportamentos contraditórios, repetitivos ou mal direcionados (por exemplo, procuram intimidade com o estranho e não com a mãe). Poderão saudar a mãe com entusiasmo quando ela voltar, mas depois se afastam ou se aproximam sem olhar para ela. Parecem confusos e temerosos (Carlson, 1998; van IJzendoorn, Schuengel e Bakermans-Kranenburg, 1999 in Papalia, 2013: 221).
A Teoria do Apego se reflete em por toda a vida do indivíduo. Segundo Marinho et al (2007), a maneira como se estabeleceu o vínculo o bebê e a figura de apego serão determinantes sobre a forma este irá lidar com as perdas.
Quando um vínculo é rompido, o indivíduo busca recursos para elaborar o luto na qualidade do vínculo anteriormente existente. Se o vínculo básico foi seguro, o sujeito terá sua autoconfiança e autoestima desenvolvidas, viabilizando a elaboração do luto como consequente possibilidade de firmar novos vínculos. Se o vínculo básico foi ansioso, provavelmente a confiança e a autoestima não se desenvolveram de forma consistente. Ao vivenciar um rompimento de vínculo por morte, os recursos internos não serão suficientes para superar adequadamente a perda e encontrar novas possibilidades de vínculos, podendo ocorrer o chamado luto patológico.
Padrões de apego estabelecidos na infância são vistos como duradouros por intermédio das diversas fases do ciclo vital, embora sejam menos evidentes em adolescentes e adultos (BOWLBY, 1973/1980 in DALBEM, e DELL'AGLIO, 2005).






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